quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A PROBLEMÁTICA DO JOGADOR DE FORA

A temática dos “jogadores de fora”é assunto da ordem do dia. Parece-me no entanto quem nem todos o abordam de forma objectiva, nem procuram encontrar razões para esta realidade, que não sendo um mal necessário é muitas vezes uma alternativa quase obrigatória.
Quem conhece a realidade demográfica do Alentejo, sabe que esta região representa em termos geográficos quase um terço do território Nacional, mas no conjunto das NUT’s Alentejanas vivem apenas cerca de 7% da população do País. No Alentejo Central, do qual faz parte o nosso concelho, vivem 166.802 almas, e não podemos esquecer o envelhecimento galopante da nossa população. Somando tudo isto, chegamos á conclusão de que o universo de recrutamento dos nossos pequenos Clubes, é altamente diminuto. A maioria das nossas vilas e aldeias não tem jovens para formar um plantel de futebol. Alem disso, há ainda os jovens que optam por outras modalidades desportivas.
É aqui que se abrem duas opções:

Jogar só com jogadores da terra.
É o sistema defendido por muitas Autarquias, que vêm assim os subsídios que atribuem ser aplicados na pratica desportiva só aos seus munícipes, mas não é do agrado dos dirigentes desportivos, pois nessas condições não conseguem planteis competitivos, já que não têm localmente valores para tanto, e ficam em desigualdade com outras equipas que se reforçam com jogadores exteriores ás suas fronteiras.
Aparentemente este sistema até pode parecer do agrado dos adeptos, que se identificam com uma equipa constituída por conterrâneos. Mas sem resultados, toda a empatia inicial se vai desvanecendo, e o desagrado acaba por se instalar, e começam a exigir resultados positivos, sem se importar com as limitações de um plantel constituído por “prata da casa”.

Recorrer a jogadores de fora.
Esta é uma opção mais polémica e problemática. É muito mais cara, já que envolve a deslocação de atletas para os treinos e para os jogos. E é tanto mais cara, quantos mais atletas movimentar.
Esta opção é também a que mais depende dos resultados, pois a exigência dos adeptos é maior. Se a equipa for ganhando, vai reinando alguma paz, mas se os resultados forem negativos instala-se a contestação e os dirigentes têm mais dificuldades em justificar as suas opções.

Pessoalmente penso que os Clubes devem aproveitar ao máximo os jogadores locais que apresentem razoáveis condições de competição, e recrutar fora os atletas estritamente necessários para completar os planteis. Sempre jogadores que façam a diferença e seja normalmente titulares.
É importante não esquecer que o “jogador de fora” acaba por ser um agente desportivo importante; Sem eles muitas equipas não conseguiriam formar plantel. Em muitos casos são até mais competitivos que os locais e mais virados para as dinâmicas de vitória.

O que não tenho dúvidas, é que as opções a tomar devem ser ponderadas e passar sempre pelo conhecimento da vontade dos associados dos Clubes, de forma a que estes sejam também responsabilizados pela vida das suas instituições.
O que o cidadão desportivo não pode ignorar, é que ele faz parte da comunidade, e tem tantas obrigações como os restantes cidadãos. Não pode por isso limitar-se a dizer que concorda ou discorda. Tem de participar e mostrar-se disponível para fazer parte da mudança quando for necessária, e encontrar soluções para cumprir a vontade colectiva.
Quem não está disponível para fazer parte das soluções, é sempre um potencial causador de problemas.

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